“Todo dia é dia de pensar na adequação ambiental, então venham que estaremos sempre abertos, estamos sempre no campo”. Assim, Paulo Henrique Pereira, carinhosamente chamado de Paulinho, diretor ambiental do município de Extrema, recebeu representantes dos municípios de Salesópolis, Piracicaba e Atibaia para uma manhã de troca de experiências e inspirar novas ações.
Completando 20 anos em 2025, o Projeto Conservador das Águas de Extrema tem sido exemplo de gestão ambiental. E não basta fazer, é importante compartilhar as boas práticas e inspirar outros municípios para ampliar a restauração da Mata Atlântica. Assim, naquela manhã ensolarada, as diferentes ferramentas para a restauração foram apresentadas, desde o incentivo do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para engajar proprietários rurais e valorizar a floresta, até a capacidade de execução de restauração das áreas – um grande gargalo da cadeia da restauração florestal -, ressaltando a importância de se ter muito claro qual é o objetivo da gestão ambiental de cada município. Além da conversa teórica, os participantes puderam conhecer a sede do Conservador das Águas, uma das primeiras áreas restauradas dentro do projeto e que foi adquirida pelo município para abrigar a sede e se tornar um parque, identificando algumas áreas dos cerca de 1500 hectares já restaurados na região e conhecendo a estrutura de viveiro ali implementado.
O sucesso de Extrema também está alicerçado na sua capacidade de execução. Paulinho frisou diversas vezes durante o encontro a importância de cada município se comprometer, inicialmente, com aquilo que se consegue executar, e de buscar, cada vez mais, a sua própria organização para que os projetos consigam ter a escala desejada e a sustentabilidade financeira. “Com cerca de 40 funcionários, conseguimos montar uma linha de produção: cercamos, plantamos e fazemos manutenção e monitoramento, e assim atraímos novos recursos, já que os parceiros enxergam essa nossa estrutura permanente”, explica Paulinho.
Além do desafio estrutural, os participantes também evidenciaram a importância de se criar um ambiente político favorável para a continuidade do projeto. Nesse contexto, a comunicação é ferramenta essencial para que os proprietários rurais e os munícipes desenvolvam o senso de pertencimento e se engajem nas políticas ambientais.
Extrema é um exemplo de município em que a atuação política está alinhada à conservação ambiental, sendo um dos poucos no Brasil a utilizar o mercado de carbono regulado localmente para mitigar os efeitos dos gases de efeito estufa. Hoje, o município trabalha sua agenda ambiental atrelada à compensação de carbono não só das empresas, mas também dos munícipes, utilizando outras fontes receita como as do licenciamento, do IPTU e do IPVA, garantindo recursos continuamente para a compra de áreas importantes para a conservação ambiental e produção de serviços ecossistêmicos e para a restauração. A forma de atuação do município demonstra que as políticas públicas não apenas ajudam a preservar o meio ambiente, mas também ajudam a gerar resultados concretos e sustentáveis, garantindo o desenvolvimento a longo prazo.